segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vida depois dos gramados

É comum escutar dos jogadores de futebol, que a carreira de atleta é curta, em média 15 anos, e com isso, tem que saber aproveitar ao máximo. Tanto dentro de campo, como fora dele,  com os benefícios que recebe, quando conseguem contratos com clubes de primeira linha, que pagam altos salários, ou uma transferência para o exterior, para conseguir a tão sonhada independência financeira. Aqueles que constroem a carreira nos clubes médios do futebol brasileiro ou do interior de São Paulo, recebem valores inferiores do que os que são pagos pelos times de ponta e com isso, precisam saber investir o dinheiro recebido durante o longo da vida profissional como jogador.

Casos de atletas que fizeram muito dinheiro e depois perderam tudo, ou quase tudo, são comuns na história de futebol. Para citar alguns nomes, o atacante Müller, atacante do Brasil em três Copas do Mundo, que passou pelos quatro grandes de São Paulo, defendeu equipes no futebol italiano e japonês,  que recentemente revelou estar morando de favor na casa de um amigo, por ter perdido todo o dinheiro conquistado ao longo da carreira, em investimentos errados e noitadas.

Um dos maiores jogadores de todos os tempos, Garrincha, bicampeão mundial, em 1958 e 1962,  teve um fim de carreira melancólico, sem dinheiro e entregue ao alcoolismo.  Não só o "Anjo das Pernas Tortas" passou por dificuldades, como vários jogadores que foram campeões mundial, até 1970. O então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, elaborou um decreto no ano passado, que concedia uma aposentadoria para os atletas de futebol que representaram o Brasil nos títulos de 1958,1692 e 1970. " Antigamente, os jogadores não tinham todas as informações que temos hoje e por isso, acabavam perdendo dinheiro com besteira, sem saber onde e como investir. Hoje em dia, com a internet,  temos acesso a quase tudo e dá para conseguir bons investimentos", explica Renatinho Potiguar, lateral esquerdo do ABC.

Para evitar passar por problemas financeiros quando se aposentarem, os jogadores de hoje em dia, investem boa parte do dinheiro recebido, em outras atividades, para garantir o futuro, não só dele, como também da família. "Tudo que compro e invisto, é pensando no bem estar da minha família e principalmente dos meus filhos. Não adianta comprar carro caro, gastar com festas e roupas caras, se você não tiver como manter tudo isso depois de encerrar a carreira. É preciso ter a cabeça no lugar e saber que um dia, os dias de jogador acabam e é necessário ter essa reserva financeira, para dar um suporte de começar uma nova vida", revela o volante Val, do América.

Tanto ele, quanto o lateral do ABC, decidiram investir na suas cidades natal. O jogador alvirrubro possui terrenos e construiu algumas casas em Macaíba, município onde nasceu. "É importante saber como investir. Como sou de Macaíba, resolvi construir algumas casas lá e estou alugando. Pelo menos tenho uma reforço no salário, no fim do mês.  Além disso, também tenho uns terrenos e estou pensando em construir mais casas", revelou.  Já Renatinho Potiguar, optou por construir um comércio que envolve o futebol. " Notei que lá em Ceará-Mirim não existia campos de futebol society e por isso construí três campos lá, que alugo e vem dando certo. Também tenho alguns terrenos, que vai servir no futuro, quando eu me aposentar", afirmou.

Mas, todos os jogadores são unânimes em eleger a família como o principal motivo de se preparar para a aposentadoria. "O papel da família é fundamental. Ela é a base de tudo. Quando o jogador casa, passa a ter mais responsabilidades e tem que saber economizar. Uma família bem estruturada é vital para o atleta", disse Potiguar. "Quero que meu filho, tenha uma vida tranquila, que possa frequentar uma boa escola.  Tudo que estou economizando e investido o presente é pensando no futuro dele", disse Val.

Família é o motivo para economizar
Até a metade dos anos 90, quando começaram a surgir os super craques, como Ronaldo, Zidane, Beckham e seus salários milionários, o jogador de futebol não era tão valorizado como atualmente. É só olhar as folhas salariais dos clubes da primeira divisão do futebol brasileiro e perceber que, quase todas, ultrapassam os R$ 2 milhões de salário mensal. Atletas recebendo mais de R$ 100 mil, fora os contratos publicitários. Nada parecido com a época em que Moura era meio-campo do América e Ivan começava sua carreira como atacante do ABC. Se hoje, os ídolos dos times brasileiros são famosos e recebem  altos salários, em um passado não tão distante, a realidade era outra.

"É tudo muito diferente. Na minha época, eu jogava pelo amor ao clube. O salário que recebíamos era apenas para pagar as contas no final do mês, nada parecido com o que os jogadores recebem hoje em dia. Tive a felicidade de nunca ficar desempregado, nem que seja apenas por um dia e também, graças a Deus, pude jogar fora do Brasil e conseguir um bom salário no Japão, que deu para fazer alguns investimentos", revela Moura, que hoje trabalha como supervisor de futebol do América.

Logos após se aposentar, o ex-camisa 10 do alvirrubro foi convidado para continuar trabalhando no clube. Mas, quem pensa que ele só tem essa renda no final do mês, se engana. Moura abriu uma escolinha de futebol para crianças, a Moura Sports, com dois campos de futebol, no bairro Monte Belo, zona sul de Natal e também tem investimentos na capital do Brasil. "Meu pai mora em Brasília e tenho algumas coisas lá, que ele administra. Abri um restaurante e um pequeno comércio de variedades", disse.

Sempre que fazia um gol com a camisa do ABC, a torcida gritava das arquibancadas: "Já foi pedreiro, já foi cobrador, o Ivan é matador". Agora, o atacante se aposentou e, além de ser auxiliar técnico de Leandro Campos no alvinegro, divide seu tempo em administrar sua padaria, na zona norte de Natal, investimento que fez ainda na época de jogador, pensando no futuro, quando se aposentasse. "A vida de jogador é curta e as vezes, pode terminar cedo, por contusão. Então, quando saí do ABC na primeira vez, fui jogar em São Paulo e depois na China e deu para juntar dinheiro. Foi aí que entrou a minha mulher. O papel dela foi fundamental. Decidimos pensar no futuro e fizemos alguns investimentos, para que nossos filhos tenham uma vida sossegada. Ainda bem que consigo dar isso a eles", afirmou.

Perguntados se deu para ficar rico como jogador, tanto Moura, quanto Ivan são categóricos em afirmar: "Não mesmo. Se fosse possível ganhar, na minha época, o que se ganha hoje, estaria rico. Mas, eram épocas diferentes", disse Moura. "Nem de perto. O que posso dizer é que tenho uma vida sossegado. Mas, rico não", finalizou Ivan.

Matéria extraída da tribuna do Norte
Alison Lene
Colaborador
"SEA RN: Acreditando no Sonho de se Tornar GRANDE"

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