quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Enquanto ônibus perdem usuários, Natal prioriza obras viárias

Nenhum dos dezesseis projetos de mobilidade urbana planejados para a cidade de Natal até 2014 saiu do papel. A prefeitura da capital potiguar está embargada por dívidas com o governo federal e, portanto, ainda impedida de contrair R$ 300 milhões para as onze intervenções de responsabilidade da administração municipal. E na esfera estadual, apenas um dos cinco projetos viários pode ser iniciado até o final de setembro, segundo dados do próprio governo.

Na área de transportes coletivos, a qualidade dos serviços desestimula seu uso pela população. O número de passageiros dos ônibus urbanos cresceu apenas 1,5% nos últimos dez anos ante um crescimento populacional de 13%. Por outro lado, a frota de veículos particulares mais do que quadruplicou: saltou de 66,8 mil, no ano 2000, para 292 mil, em 2010, segundo dados da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) de Natal.  Diante das crônicas deficiências no sistema de transporte coletivo, o potiguar apela cada vez mais ao transporte motorizado.

O número de passageiros de ônibus vinha caindo desde 2004, com uma pequena recuperação em 2010. Há sete anos, a média mensal era de 10,7 milhões de viagens; em 2009 foram 9,9 milhões de passageiros, e no ano passado (2010) foram 10,3 milhões.

Para o secretário adjunto da Semob, Haroldo Maia, não há solução de engenharia que acompanhe tal crescimento. “Nenhuma obra vai comportar o crescimento que constatamos de veículos nos últimos tempos em Natal. Temos que priorizar a prestação de serviço do transporte público de qualidade”, avalia.

Segundo ele, os projetos elaborados pela prefeitura visam reestruturar as vias e criar mais faixas exclusivas para ônibus. “Não podemos disputar o mesmo espaço com carros e motos. Estamos viabilizando projetos para beneficiar os usuários do transporte coletivo”.
O secretário confirma que a tendência de migração do transporte público para o individual traz prejuízos para  a cidade. “Teremos mais problemas de tráfego, além de questões ambientais e de saúde que estão diretamente correlacionadas”, conclui Haroldo.

Futuro congestionado
Para o professor de engenharia civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Enilson Medeiros Santos, a migração do transporte coletivo para o individual trará problemas à cidade no futuro. “A consequência imediata é a dificuldade de fluidez de tráfego. Por enquanto, Natal ainda tem espaço, mas já percebemos a quantidade de congestionamentos crescendo”, disse.

Na visão de Medeiros Santos, o crescimento econômico da cidade ficou concentrado nos mesmos pontos ao longo dos anos. “O crescimento populacional se expandiu para as periferias, mas as pessoas continuam viajando ao centro de Natal para trabalhar”. Enilson credita os problemas atuais à falta de políticas públicas de planejamento por parte das autoridades para o crescimento da cidade.

Faixas para ônibus
Todas as obras planejadas pela prefeitura envolvem a ampliação do sistema viário, com a previsão de faixas exclusivas para ônibus. O primeiro trecho, que liga a zona norte ao estádio Arena das Dunas, já foi licitado.

Elizabeth Thé, secretária de Mobilidade Urbana de Natal, avalia que as obras do trecho 1 devem começar nos próximos meses. As obras do trecho 2, que conta com seis intervenções nas imediações da Arena das Dunas, estão na fase de projeto executivo e só devem começar em 2012.

Os corredores de ônibus projetados para 2014, com 22 km de extensão, serão aproveitados, com algumas adaptações, para o projeto do BRT em Natal. De acordo com Elizabeth Thé, o projeto de BRT está incluso no PAC das Grandes Cidades e independe do Mundial.

“Até o dia 30 de setembro, o Ministério das Cidades deve dar um parecer sobre este projeto”, disse a secretária. O BRT ainda não tem data definida de licitação, muito menos para implantação da cidade.

Fonte: Portal 2014

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