domingo, 23 de outubro de 2011

Alecrim quer uma nova casa

O bairro do Alecrim é considerado um dos principais centros comerciais de Natal. Lá, pode se encontrar lojas de roupa, eletrodomésticos, utensílios em geral, lojas de peças de carros, lanchonetes entre outros comércios. Foi lá também, que em 15 de agosto de 1915 foi fundado o Alecrim Futebol Clube. A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Mas, com o crescimento de ABC e América no futebol, o clube decidiu entrar nas disputas locais. A primeira sede do alviverde foi fundada na antiga Avenida 2, atualmente Presidente Bandeira. Depois, o Monsenhor Walfredo Gurgel cedeu um terreno na Avenida Alexandrino de Alencar, para o clube montar sua nova sede.

Rodrigo SenaAlviverde pode relembrar época de ouro quando tinha sede campestre, caso aceite Proposta de um empresário para trocar a sede atual por uma área na zona norte 
Os dirigentes, na época, decidiram negociar parte da nova sede com um proprietário de um posto de combustível e com o dinheiro fundaram a sede campestre, do Alecrim, em uma área de 17 hectares, entre os municípios de Parnamirim e Macaíba. Lá, foi construído, além das áreas de lazer, como piscinas, restaurantes, praças para as crianças, um centro de treinamento para o time de futebol profissional. Dois campos oficiais, alojamentos, toda a infra-estrutura necessária que um clube necessita.

"Hoje, o ABC se orgulha em dizer que tem 10 mil sócios. Isso o Alecrim tinha nos seus tempos áureos, na década de 80, quando foi fundada a sede campestre. Ali sim, era um local para toda família alecrinense, onde se podia passar o dia aproveitando as piscinas, campos, quadras", relembra o vereador Aquino Neto, que atualmente é uma espécie de colaborar da atual direção alecrinense.

Mas, desde a última conquista do Alecrim, na década de 80, o clube vem atravessando sérios problemas financeiros. A sede campestre alviverde, foi quase toda vendida para pagar dívidas trabalhistas. Com isso, o clube foi vendo seu patrimônio diminuir e acabou comprando uma acanhada sede na rua dos Caicós, retornando ao bairro de origem.

Desde o início da década de 90, que o Alecrim vem treinando em campos cedidos por terceiros. Já passou pelo estádio Juvenal Lamartine, no Quartel da Polícia, no campo da Marinha e no estádio Tenente Luiz Gonzaga, em Parnamirim. Mas, parece que os dias de vacas magras para o alviverde estão no fim.

Um empresário de Natal procurou a direção do clube com uma proposta tentadora: em troca do espaço da sede social, ele constrói um centro de treinamento completo na zona norte da cidade. Uma opção que vem sendo analisada, ainda que de foram extra oficial, com bastante carinho da direção alecrinense.

" Não posso revelar o nome do empresário que nos fez essa proposta. Mas, só o fato dele ter vindo nos procurar, mostra que o negócio é sério. Ele disse quem tem alguns terrenos na zona norte, e que poderíamos escolher em qual construir o CT. Com campos, alojamentos, restaurante, tudo. Na verdade, o projeto é ter o centro de treinamento e também uma sede social. Tudo simples, do jeito do Alecrim", adiantou Orlando Caldas, presidente do alviverde.

O mandatário verde revelou que as conversas começaram há 15 dias e tiveram que ser interrompidas por causa de uma viagem de negócios do empresário interessado. A possibilidade dos moradores do bairro acharem ruim a mudança de endereço do clube, para o outro lado de Natal, parece não incomodar o dirigente alecrinense.  Orlando Caldas acredita que tudo é para a sobrevivência do Alecrim como clube de futebol.  "Ainda não aconteceu nenhum conversa oficial com os conselheiros, mas já mantive contato com 10 integrantes do Alecrim e as conversas foram boas. Não tem como alguém ser contra a essa proposta. Só quem for contra ao Alecrim", afirmou Caldas.

O quadro de conselheiros do Alecrim, conta atualmente, com 20 integrantes e mais sete suplentes. São eles que vão decidir por aprovar ou não o projeto do empresário potiguar. A maquete deve ser apresentada ainda este ano.

Caso o projeto seja aprovado, as obras devem começar no primeiro bimestre de 2012 e a conclusão do novo centro de treinamento iria servir para o clube, apenas na disputa da série C do próximo ano, caso o Alecrim se classifique. Isso acontecendo, o centro de treinamento pode se transformar em um pequeno estádio. "O projeto contempla uma área que podemos construir arquibancadas. Nada muito grande, até porque, mil torcedores do Alecrim já seriam mais do que suficiente para lotar um estádio nosso", brincou o presidente do clube.

Planejamento para 2012 já começou

Mesmo envolto a várias indefinições, como a construção de um novo centro de treinamento e também a terceirização do futebol alviverde, o planejamento para a temporada 2012 já está em pauta. O principal é chegar a um consenso sobre o nome do treinador para a disputa do campeonato potiguar. O treinador Carlos Gutemberg, que treinou o time na série D desse ano, aparentemente desenvolveu um bom trabalho no clube e o nome dele surge com mais força para montar o novo elenco alecrinense. "O Berg é um dos nomes que estamos analisando para o próximo ano, mas não temos nada definido, ainda. Vamos conversar na próxima semana com o restante dos dirigentes, para traçar o planejamento para 2012", adiantou Orlando.

Um dos problemas enfrentado pelo verde é a demolição do estádio Machadão. Como nesse temporada, a tendência é que as partidas da próxima temporada, continuem sendo disputadas na cidade de Goianinha, no estádio Nazarenão. Mas, o presidente do Alecrim revelou que existe o interesse de outros municípios em receber jogos do time no campeonato estadual. "A prefeitura de Nísia Floresta e a de São Miguel do Gostoso já vieram nos procurar, mostrando interesse em receber jogos do Alecrim. Mas, a princípio, deveremos continuar em Goianinha", afirmou.

O time deve ser composto, principalmente, por jogadores jovens. "O bom de fazer parte do Alecrim é que não sofremos pressão como é no ABC e no América, que tem que ser campeão todo ano. Vamos tentar montar um elenco com jogadores jovens, para preparar esse time para daqui há três anos", revelou Aquino Neto.

Sobre a saída de Ferdinando Teixeira do comando técnico do Alecrim, que deixou o clube no meio da preparação para a série D do Brasileiro, para assumir a equipe do Fortaleza, na série C, o dirigente máximo do clube afirma que não guarda nenhuma mágoa do ex-treinador. "Muito pelo contrário. Ferdinando, quando soube do interesse do Fortaleza, ligou para mim, para saber se podia negociar. Não foi feito nada pelas nossas costas. E, vou além. Ferdinando ajudou o Alecrim, não só dentro de campo, como também financeiramente. E, tenho certeza de que vamos contar com ele na preparação do elenco para a próxima temporada", finalizou.

Problemas financeiros podem terceirizar futebol do clube

Nesses quase 100 anos de história, o Alecrim conquistou o campeonato potiguar de futebol em sete oportunidades: 1963, 1964, 1968  ( de forma invicta), 1985 e 1986. Os alecrinenses contam também o título de 1925, mas a Federação Norte-riograndense de Desportos, que comandava o esporte no Estado, não reconheceu o título do alviverde, alegando que o clube era amador. Desde a conquista da última taça, na metade da década de 80, que o Alecrim vem passando por problemas financeiros, que vem se refletindo dentro de campo. O último suspiro de melhora, aconteceu em 2009. O alviverde se classificou para a série D do Brasileiro e conseguiu conquistar uma das vagas para a série C de 2010.

Mas, o que parecia ser um novo capítulo na vitoriosa história do clube, terminou antes de começar, de forma melancólica. Na sua primeira temporada na série C, o time foi rebaixado e voltou para a quarta divisão esse ano. Chegou a brigar por uma das vagas na segunda fase da disputa, mas, sem um bom planejamento, ficou pelo meio do caminho. Mas, assim como o projeto do CT pode trazer novos dias ao clube, outra saída seria a terceirização do setor de futebol.

"Existe interesse de empresários daqui do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas interessados em assumir o futebol do Alecrim. Mas, não tem nada definido, nem conversado com ninguém. Apenas especulações. Temos que ter alguns cuidados com essas parcerias. Se acertarmos e por algum motivo não dê certo, o ônus fica apenas para o clube. Já perdemos uma sede por causa de dívidas trabalhistas e não vamos cometer novamente esse erro. Então, vamos nos cercas com algumas garantias, para, caso aconteça essa parceria no futebol, o Alecrim não seja penalizado", disse Orlando Caldas.

O receio vem de duas negociações para terceirizar o futebol do Alecrim, que foram mal sucedidas. A primeira, com um time de Portugal e a segunda com a equipe do Santos. O presidente alviverde, explica o que aconteceu. "A negociação com o clube português não andaram, pelo fato de que o técnico de lá, que é brasileiro, não aprovou os jogadores que nós mandamos. Logo em seguida, o presidente do clube teve que se tratar de um câncer e tudo parou. Com o Santos, foi diferente. Estava tudo certo, mas surgiu um clube querendo atravessar a negociação o que acabou atrapalhando. Mas, mantive contato, recentemente, com um dirigente santista e ele me informou que está disposto a negociar novamente", revelou esperançoso, o mandatário do Alecrim. 

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