sábado, 10 de dezembro de 2011

Natal ainda espera obras de mobilidade

Em Natal, cidade que receberá apenas quatro jogos da Copa de 2014, as obras de mobilidade urbana são um dos poucos legados que o evento esportivo poderá deixar à cidade.

Ao todo, são 16 intervenções viárias inscritas na Matriz de Responsabilidades, documento assinado entre a União com os estados e municípios da Copa para definir as obras essenciais à realização do evento. Destas, onze são do município e cinco do governo estadual.

Com maior volume de obras, a prefeitura dividiu suas intervenções em duas fases. O primeiro lote corresponde a um corredor viário que liga a zona norte à Arena das Dunas, passando pela avenida Capitão Mor-Gouveia, que corta a zona oeste.

Apesar de a obra já ter sido licitada ao custo de R$ 140 milhões, nada efetivamente começou. Isso porque o projeto executivo foi reprovado duas vezes pela Caixa Econômica Federal, responsável por repassar os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para o financiamento. No momento, técnicos do banco analisam mudanças na planilha orçamentária do projeto. O secretário adjunto de Obras e Infraestrutura de Natal, Walter Fernandes, acredita que as obras tenham início apenas em janeiro de 2012.

Orçado em R$ 167,7 milhões, o segundo lote de mobilidade da prefeitura corresponde a cinco intervenções nas imediações da Arena das Dunas. As obras não começaram porque também dependem da aprovação dos projetos executivos pela Caixa.

Para garantir a liberação dos recursos, a prefeitura de Natal também precisa provar ao banco que saldou uma série de dívidas com a União. O procurador-geral do município, Bruno Macedo, afirma que as pendências judiciais foram resolvidas. Deste modo, se o edital ficar pronto até o final do mês, as obras devem começar em abril de 2012.

Além das correções, também houve atraso na elaboração dos projetos executivos por conta de uma briga judicial. A disputa entre as empresas que participaram da licitação durou pouco mais de um semestre, e o consórcio vencedor só foi homologado em março deste ano. A prefeitura pagou R$ 7,2 milhões pelos projetos dos lotes 1 e 2.

Ponta Negra
Não é só a prefeitura que patina para iniciar as obras viárias para a Copa em Natal. Apesar de ter intervenções de menor porte, orçadas em R$ 87,7 milhões, o governo do Rio Grande do Norte conseguiu tirar do papel apenas o prolongamento da avenida Prudente de Morais. A via corta a cidade no sentido norte-sul, ligando a Arena das Dunas ao aeroporto Augusto Severo.

Avaliada anteriormente em R$ 10,5 milhões, a obra teve um custo final de R$ 11,7 milhões, já que foi necessária a construção de dois túneis próximos à BR-101. A via deverá ser inaugurada em maio de 2012, segundo o secretário estadual da Copa, Demétrio Torres.

A intervenção mais preocupante, porém, é a revitalização da avenida Roberto Freire, conhecida como Estrada de Ponta Negra (RN-063). A via de 4 km é o principal acesso aos bairros e praias do litoral sul. Levando o cronograma de 24 meses à risca, as obras avaliadas em R$ 56,2 milhões só ficariam prontas em abril de 2014, a dois meses do início da Copa.

A secretária estadual de Infraestrutura, Kátia Pinto, não informa um prazo para a licitação. “Com a conclusão do projeto executivo, que esperamos estar pronto até o final do ano, vamos publicar o edital para licitar a empresa que vai executar a obra.”

Demora
As declarações otimistas tentam esconder o risco de a demora nas obras viárias provocar um verdadeiro caos durante a Copa. Quanto mais os prazos são empurrados, maior a chance de Natal ser um canteiro de obras em pleno Mundial. Apesar de admitir que o risco exista, o secretário-adjunto Walter Fernandes acredita no cumprimento dos prazos. “Em 24 meses é possível concluir a obra”, afirmou.

Para o presidente do Crea-RN (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), Adalberto Pessoa, o tempo é suficiente para o término das obras. O que pode atrapalhar é a cultura dos gestores públicos. “O tempo é mais do que suficiente. O problema é que no Brasil o poder público quase nunca cumpre os prazos.”

Desapropriações
Em Natal, as desapropriações para o lote 1 podem ampliar o risco de a cidade estar em obras durante o Mundial. Num primeiro momento, foram registradas 600 imóveis para remoção, avaliados em R$ 25,8 milhões. Com a elaboração do projeto executivo, chegou-se à conclusão de que seriam apenas 350. O curioso é que o valor das indenizações pode aumentar.

“Os valores calculados anteriormente pela prefeitura levavam em consideração o mercado da época, quase dois anos atrás, e foram baseados numa determinada área”, afirma Fernandes. Segundo ele, o projeto básico previa a abertura do corredor viário para os dois lados. Com a elaboração do projeto executivo ficou, determinada a abertura das vias para apenas um lado, o que reduziu quase pela metade o número de desapropriações.

As desapropriações devem ocorrer à medida que a obra avançar, começando na ponte de Igapó (rio Potengi), que divide as zonas norte e sul de Natal. As obras do lote 2 não requerem desapropriações.

Fonte: Portal2014

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